Ao pó voltarás
Eu sou um artista, um filósofo, um poeta, o que é quase o mesmo que dizer um condenado. Proscrito, degredado, um pária, porque sou dos bons, dos eternos. A minha dor é saber se me sacrifico e em que nome, já que esta vida de produzir e consumir já quase nada me diz. Eu vejo essas pessoas pelo mundo a lutarem no meio material, para viver a dignidade, e quase me apetece rir de tão patético. Se não fosse trágico... Eu, que conquistei o pensamento, domei os instintos. Sou como um gato antes do momento perfeito de captura da sua presa, enquanto os outros são meros gatos tolos que se metem na estrada à sorte e saem atropelados, mas pensam que sobreviveram.
Sem comentários:
Enviar um comentário