Só passados vinte anos sobre o primeiro olhar, Artur gostou dos olhos dela. Eram tristes, emoldurados por umas sobrancelhas finas e inclinadas no sentido descendente a partir do cimo do nariz. Eram tristes, olhos de tarde, tinham um castanho invulgar de tão castanho que era. Havia naquele olhar um incómodo sobrenatural quando miravam Artur - ele via isso agora. Era o seu primeiro encontro, e o que ela lhe contava, o seu joie de vivre era contagiante. Por isso Artur não soube o que estavam aqueles olhos ali a fazer. Há vinte anos atrás. Mas hoje entendia e apreciava a sua presença na memória.
Sem comentários:
Enviar um comentário