O mundo sou eu
Sou um artista sem arte. Não me dou por falhado, porque considero que ainda nem tentei. Mas sei que tenho arte nas veias. E a minha expressividade chega a muitos horizontes. A verdade é que tenho um olhar muito cínico na arte, isto não me vem do ser, do entranhado. Tenho de fazer esforço, pesquisar, como aliás todos os artistas. Isso da inspiração, do dom divino, é outra conversa. Creio que é a incerteza do que vou encontrar, especialmente se serei acolhido, e bem acolhido. Tolhe-me pensar que serei ignorado. Como sei que uma parte de mim será, implacavelmente, ignorada, não me lanço de corpo e alma, que isto da arte, em certos aspectos, mete um medo terrível. Outro aspecto que me agoniza o espírito é saber se, além de bem acolhido, serei renumerado por isso com dignidade. E voltamos ao cinismo... E depois ainda temos o vazio e inutilidade de tudo; a vaidade de tudo... E portanto deixo-me lançado às virtualidades; vou vendo os outros lançarem-se, com mais, ou menos, tosquice - pelo menos a lata na cara, que é precisa, têm às carradas.
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