Carreteira de fogo

O mar obscuro de lâminas cinza voltou a encontrar-me ensanguentado
Improvisando uma cura na gaze de vilão de cinema, 
Sendo qualquer coisa mais narrativa este sangue que derramo hoje
E não é sémen no chão
É música velada Universo Víscera e círio cardado que ouço com doçura
E contento o mundo com o meu prazer
O meu prazer entre silvos Muito ou pouco O homem que pensei ser
Ser louco Rato ou bardo da loucura
Mas folia funda no meu pensamento sou,
Nos sonhos te vejo É tão tarde
Há os restos de comida nesta mesa de festa
Como os cães de casa que rastreiam as suas presas E por capricho se lamentam
Arrastando o passo até o céu pôr-se a chover chibatas 
E é a dor da terra molhada
A prova evidente de que gostas de mim,
Cantarei a canção e bailarei a pena torcida até saber quem tem razão
Faz tempo que não sei quem sou Contei a mentira
E de noite pedindo perdão
É que voltar por voltar,
Frio tão frio que não posso fazer mais nada do que arder
Esse doce perfume que me voltas Reminiscência, Lá fora é só o mundo
Uma pele uma pedra Voltar voltar voltar Aprender bruxaria
Deixa-me passar feiticeira Tem alguma compaixão
Carena vinho cantar descida 
Não sei se falo de algo antes dos anjos 
Antes de ouvir a manhã
Antes de converter-me de novo em fogo A parábola de um grande sonho
Se pudesse prevenir-te com uma guerra disparar ignorância sobre a tua cabeça
Bombardear todos os meus esquemas obrigar-te a consumir-me e a consumir-te
Para que me desfrutes só tu
Ver-te extinguir
Como a social democracia
Medo ensurdecedor de desestabilizar 
Eu digo o que serei Uma parede Se queres Entre as minhas pernas
Depois de cem anos morto encontrarão o meu corpo que tinhas querido
Entre as paredes se ouvirá uma árvore
Canta
Canta
Canta
Canta
Canta
Deixa-me subir.

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