O cinema e o drama do ateísmo entre a verdade
As artes gráficas, muito especialmente o cinema, tem o poder de abordar a morte de uma forma que melhor se coaduna à verdade humana e total. Sem partes nem quês. As vezes que exageramos. De Ordet de Dreyer ao recém estreado Grand Tour de Miguel Gomes vai uma linha de hipérbole saturada. Mas quando muitas vezes, do cinema francês (Brisseau, Garrel, etc.) às culturas orientais, particularmente nestas (Kurosawa, Weerasethakul, etc.), vemos aquele truque de colocar mortos de novo na vida da película, e que falam e interagem com o mundo vivo, é de esperar uma exigência metafísica ao espectador que por vezes não tem; mas tem a verdade, universal, de que não se morre, transforma-se. São muito poucos os seres humanos que, racionalmente, acreditam no nada. E, no fim, é uma crença como qualquer outra, reduzidos à sua insignificância. Ter um corpo e mente que pensa é um acaso, note-se a ironia. Mas sobre o drama que é o ateísmo, teríamos muito a dizer.
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